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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Attraverseremo

por Sarah Camilo


Todos nós, em algum momento, precisamos de um “attraverseremo". É como se dissesse a mim mesma: Ei, Sarah, vamos atravessar? Vamos mudar de vida, de rumo, de direção e deixar aquilo que não é bom, deixar aquilo que é frustração, mágoa e fracasso do outro lado, porém bem resolvidos. 
 
Pessoas entram em nossa vida e muitas vezes deixa uma bagunça. O processo de arrumação, às vezes é demorado, mas necessário. Necessário porque outras pessoas irão chegar. Quando deixamos a nossa casa bagunçada as pessoas não dão conta nem de chegarem perto. Porém, pode ser que a deixemos bagunçadas de propósito. Pode ser que seja uma estratégia para que a pessoa não entre e fique do lado de fora, mas isso é ruim porque ela pode não querer ficar esperando muito tempo “lá fora” e ir embora. Quando, enfim, percebermos ela já se foi.
 
Está na hora do “attraverseremo!”

segunda-feira, 30 de março de 2015

(DES) HUMANO

por Sarah Camilo

UM HOMEM. Um olhar distante e solitário. Poucas vestes. Sem mochila. Sem ninguém. Sentado no mesmo lugar. Do mesmo jeito. No ponto de ônibus... Continua.

No primeiro instante achei que era apenas mais um cidadão cansado que estava esperando sentado para apanhar o ônibus e ir para o seu destino. Hoje percebi que era um ser humano desumanizado. Alguém o roubou dele mesmo e talvez nem tenha se dado conta disso. Esse homem continua à margem da sociedade e esse tipo de realidade a mídia não tem interesse em divulgar.

Cadê a inteireza desse homem?

Para onde ele quer ir?

Será que o ponto de ônibus é o que restou de referencial na vida dele? Será que o ponto de ônibus se resume na esperança de encontrar-se? Encontrar o seu caminho? Não sei!

Eu, sinceramente, não sei o que dizer a respeito dessa situação no Brasil, em meu estado, em minha cidade. Acredito que a Avenida Vitória dará sorte a esse tal homem de expressão vazia e sem sentido.

Não há como negar que cada um de nós já passamos por momentos inquietos e difíceis, muitas vezes sozinhos e que esquecemos, por alguns instantes, o sentido da vida e qual é o nosso papel no mundo. Todavia, ainda temos alguém para nos lembrar de quem verdadeiramente somos e que ao invés de nos roubar, roubar a nossa subjetividade, essas pessoas nos devolvem.


Não sei o que levou ou o que leva esse de quem falo a estar sentado. Parado. Vendo a vida passar com olhar triste e com sobrancelhas franzidas. Será que ele tem alguém para lembra-lo de quem ele é? Será? Cadê essas pessoas? Será que ele está as esperando? Mas já passaram tantos ônibus. Já passaram tantas pessoas. Ninguém desceu. Ninguém parou. E ele continua parado. Em silêncio. Sozinho. Em silêncio e sozinho.

segunda-feira, 9 de março de 2015

(Mal) DITO, DITO!

por Sarah Camilo

Quando um silêncio se prolongar é porque está dizendo algo

Espere mais um pouco. Sente aqui e vamos conversar. Quer café? Acabei de fazê-lo! Um cigarro? Não vá embora sem antes resolvermos essa “imparcialidade”. Sem antes resolver esse silêncio “(mal) dito” que, na verdade, eu sei que está dizendo algo, mas é que prefiro ouvir sua voz.

Que tal ouvirmos Muse? “You electrify my life. Lets conspire to ignite. All the souls that would die just to feel alive”. Vamos viajar esse fim de semana? Silêncio!

Nada além de silêncio e perguntas respondidas, sem mais. É só isso e pronto. Pronto! Os devaneios da vida é algo que fica difícil compreender, por isso passamos por situações que, se não fosse uma “força superior”, poderíamos evitar futuros fracassos com o nosso não a nós mesmos.

Tomo meu café e fumo meu cigarro só. Convite recusado! Agora escrevo com a esperança de simplesmente colocar para fora a covardia que me restara. Aos poucos as coisas voltam para o lugar. Coração bate normalmente. Nada de insônia ou vontades. Tudo passa. Está passando... Será? O ato de escrever já é uma lembrança.  


Pois é! Agora você é só uma lembrança. Até que uma lembrança bonita. Tudo é passageiro, até mesmo a própria lembrança

Vá, volte, fique

por Sarah Camilo

Cadê? Corre! Corre! Corre!
Sai, vá embora!
Fique aqui
Vá, mas volte

“cê vai, ocê fique, você nunca volte”
Venha
Não vá
Não se esqueça de mim, mas vá logo!

Estás aqui, sempre
Sempre
O tempo passa
Tu passarás também
Tudo passa

Vá!
Volte!

Fique!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

VESTIDA DE LIBERDADE

A menina estava vestida com a sua própria liberdade, mas só depois pôde vê-la

por Sarah Camilo

Olhem o vestido dela! Está cheio de corujas! Gritaram as crianças.

A menina assustada olhou para o seu vestido com cara estranha. Cara de interrogação! E se questionou silenciosamente: O que é que tem as corujas do meu vestido? E completou: elas são tão quietinhas.

Bom, mas essa menina, não sei o seu nome, voltou para casa encucada com as corujas e com o espanto das outras crianças. No carro, silenciosa a pensar.  Sua mãe até achou estranho, pois ela é faladeira de costume. Fala, fala, não respira e fala mais um pouco.  Então, preocupada a mãe perguntou: Você está bem, minha filha? A menina só balançou com a cabeça, sim!

Obviamente o vestido foi lavado, mas a essas alturas do campeonato a menina já até esquecera que tinha um vestido cheio de corujas.

Certo dia, a família marcou de se reunir para uma festa de aniversário e a mãe pediu para que a menina pegasse o vestido com corujinhas, pois seria esta a vestimenta para a tal festa. Aí a menina subitamente gritou: O vestido de corujas!!!!!

Correu ao seu quarto e abriu ofegante a porta de seu guarda-roupa para pegar o vestido. Para a sua enorme surpresa o vestido não estava lá, o que encontrara era apenas um vestido branco. Ou estava? Pensativa desabafou com a mãe: mamãe, o vestido não está lá.  Não sei onde está! A mãe insistiu: coloquei-o no cabide ontem mesmo. Está lá sim!

Pacientemente, virtude que não lhe pertence, a menina olhou novamente dentro do guarda-roupa. Para a sua enorme surpresa e espanto viu uma pequena coruja no cantinho do guarda-roupa. Olhou para um lado e para outro para certificar-se de que não fora alguém que colocara aquela coruja lá. Olhou de novo. Apavorada deu um grito: AAAAAAAA! Da sala sua mãe perguntou: Aconteceu alguma coisa? A menina, espertamente respondeu: Nada não mãe, foi só um susto!

Curiosa que é resolveu retirar todas as roupas e procurar peça por peça. Bem devagar fechou a porta do quarto. Queria resolver isso sozinha. Ficou parada em frente ao guarda-roupa, como se fosse desvendar um grande mistério. Respirou fundo. Abriu as duas portas. E quando de repente seu quarto é invadido pelas corujas! Pasma, a pobre menina ficou de boca aberta e sem reação.

As corujas não paravam de bater as asas. Batiam! Voavam! Batiam! Voavam! Como que suplicando a liberdade!

A menina, corajosamente, foi até a janela. Abriu-a e deu liberdade às corujas que estavam presas em seu vestido.

Chorava, chorava muito. Não com sentimento de tristeza por seu vestido não ter mais nenhuma coruja, mas por ter conhecido e visto com seus próprios olhos a alegria da liberdade! Mesmo criança, talvez a voz de Deus sussurrasse em seus ouvidos: Filha, você também pode ser uma coruja. Voe o mais alto que puder e seja livre!


domingo, 25 de janeiro de 2015

Se cair, levanta!

por Sarah Camilo

“Se você cair 7 vezes, levante 8” (Penha Camilo)

Dia desses, conversando com minha mãe, partilhava sobre as minhas dificuldades, desafios e aprendizados da vida. Falei de meus objetivos. Coisas que preciso arriscar mais. Então, me recordei de uma frase que disse a ela há alguns anos: você não pode me impedir de ser feliz.

Quando acabei de dizer essa frase, olhei em seus olhos e percebi aquele olhar de mãe, sabe? Como se aceitasse, mas ao mesmo tempo querendo me proteger.

Hoje, entendo que nós duas tínhamos razão: a filha se desligando da mãe e a mãe se desligando da filha. O amor permanece sempre. Ao final de nossa conversa, ela disse: a mensagem que deixo é: se você cair 7 vezes, levante 8.
Pois, então, não me resta outra coisa a não ser continuar. Afinal, nasci para voar!


sábado, 24 de janeiro de 2015

O Crime da Palavra

Nenhum código, nenhuma instituição humana pode prevenir o crime moral que mata com uma palavra. Nisso consta a falha das justiças sociais; aí está a diferença que há entre os costumes da sociedade e os do povo; um é franco, outro é hipócrita; a um, a faca, à outra, o veneno da linguagem ou das ideias; a um a morte, à outra a impunidade.

Honoré de Balzac, in "O Contrato de Casamento"